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Como atrair investimento social privado com a pauta ESG


O investimento social privado, que inclui doações, patrocínios e investimentos em projetos sociais, ambientais e culturais, tem se tornado cada vez mais relevante no cenário atual. Nunca se falou tanto sobre o tema, apesar de não ser um debate de hoje.


A responsabilidade social corporativa, antes vista como uma opção para as empresas, hoje é fundamental para manter a reputação e a sustentabilidade dos negócios. Ainda assim, o ESGwashing é prática cada vez mais frequente em empresas que se dizem comprometidas mas não implementam o que dizem.


Acontece que a sociedade tem exigido uma maior transparência e comprometimento das empresas com questões ambientais, sociais e de governança e querem ver tudo isso refletido em produtos e serviços. Os critérios estão melhor definidos e algumas marcas têm sido expostas por não cumprirem os acordos institucionais com o tema e seu compromisso com a sociedade e pessoas consumidoras.


A pauta ESG (Environmental, Social and Governance) surge como uma abordagem para avaliar o desempenho das empresas em três áreas críticas: o ambiental, o social e a governança. Ao considerar esses fatores em seus investimentos, as empresas e indivíduos podem não apenas obter melhores resultados financeiros, mas também ter um impacto positivo no mundo. Para o momento que chegamos essa não é mais uma escolha.


Mas como as organizações da sociedade civil estão lidando com o tema? Como estão se posicionando frente a essa oportunidade na captação? Existe conexão possível para uma parceria entre o terceiro setor e esse ambiente corporativo?


A corrida das marcas para se ajustarem ao Pacto Global da ONU e incorporarem os ODS em suas ações e estratégias está acirrada. Como vimos, em 2022 nós chegamos no meio do caminho! Sim, 2030 tá logo ali batendo na nossa porta.


Para começar a conversar sobre esse assunto, é importante trazer a definição de cada uma das letras que compõem essa magnitude de desafios. Vamos começar?


Environment ou meio ambiente


Entre as práticas ambientais, espera-se ver ações concretas no que diz respeito à redução dos impactos no meio ambiente no processo produtivo; é preciso buscar alternativas para diminuir o uso predatório dos recursos naturais; mirar na redução da emissão de poluentes e planos concretos e alcançáveis a longo prazo; criar e gerir projetos de proteção e preservação ambiental para salvaguardar a natureza para as gerações futuras e acima de tudo, combater as mudanças climáticas e o aquecimento global.


O mundo inteiro está caminhando para zero emissão de carbono até 2050 de acordo com as Nações Unidas, atingindo uma redução de 45%, até 2030. Já são mais de 70 países comprometidos com essas metas.


Social


Esta letra está relacionada à cadeia de pessoas impactadas por uma empresa que comumente chamamos de stakeholders. Estes vão desde seus fornecedores (sim, é preciso saber quem se está contratando e como as suas boas práticas estão sendo implementadas); manter bons ambientes de trabalhos com equipes mais diversas e com remuneração alinhada com as práticas do mercado, planos de carreiras, benefícios e investimentos no desenvolvimento das equipes; ações voltadas para a comunidade impactada e seu entorno, além de investimentos sociais no ramo de atuação da empresa. Ser transparente com a sociedade e com os investidores. E óbvio, trazer as pessoas para o centro das estratégias, ouvindo suas preocupações, resulta em produtos e serviços de melhor qualidade em todos os aspectos. Tudo aqui passa por manter um bom relacionamento com cada uma das partes interessadas.


Governança

Nenhum dos pontos anteriores conseguiriam se desenvolver e manter suas ações a longo prazo se não fosse por uma boa governança. Como administrar recursos, alocar tempo e energia para as boas práticas e servir de bússola para se alcançar os resultados desejados. Tudo aqui é regido por políticas internas, regras e normas, além de auditorias regulares que comprovem a movimentação correta e idônea da empresa (leis anticorrupção seria um exemplo aqui).


O papel da sociedade na construção dessas políticas é fundamental, pois somos nós que temos o poder de cobrar certos posicionamentos e posturas das marcas e empresas com as quais interagimos. Tenho conversado bastante com as empresas privadas e a importância que essa pauta ganhou no desenho das estratégias de negócios é realmente impressionante.


Conversei recentemente com Mariana Kohler sobre ESG no podcast “Tá Captando?” e te convido a escutar este episódio. O papo é muito elucidativo e traz uma boa perspectiva no que está por vir. Falamos também sobre como linkar essas práticas ESG com a captação de recursos em prol de uma sociedade mais justa e igualitária. Te convido a dar play e entrar nessa reflexão com a gente.

Tudo está em movimento


O que se observa é um grande aumento no interesse das empresas de correr atrás de novas e boas práticas que as coloquem no patamar de empresa socialmente responsável e aguce sua reputação e recall de marca. Para tanto, tenho observado algumas tendências (quase um padrão) que gostaria de compartilhar com você:


  • Consultoria de OSCs para apoiar as empresas a alcançarem diversidade nas altas lideranças e em seus quadros de pessoas;

  • Desejo de parcerias com o terceiro setor em que o impacto social ganhe centralidade e protagonismo;

  • Oportunidades para colaborar com as empresas para que repensem a cadeia produtiva, a partir da economia verde, mercado de carbono e alternativas de pequenos produtores;

  • Engajamento das equipes para práticas de equidade e cultura de doação;

  • Garantir transparência a partir do investimento em auditorias internas e externas através de códigos de conduta, por exemplo.


Está nítido que ninguém melhor que as ONGs para trazerem a visão do setor e fazer a diferença na ponta, onde realmente essas ações acontecem para impactar a vida das pessoas.

Por onde começar?


Dito isto, compartilho contigo algumas dicas de como é possível otimizar a sua estratégia de captação para arrecadar recursos. Segue o fio:


  1. Mapear quais são as empresas e seu nível de maturidade com a pauta ESG

  2. Desenvolver projetos que podem ser apresentados para as empresas que estejam alinhados com sua missão e valores

  3. Organizar a comunicação sobre impacto que a ONG promove nos seus canais de comunicação

  4. Identificar formas de mensurar o impacto do trabalho que possam ser apresentados para a empresa (saber mais sobre o relatório GRI vai te ajudar)

  5. Preparar uma boa apresentação institucional fazendo links com ODS, agenda 2030 e a pauta ESG. Recentemente, fiz um post sobre como produzir um material incrível.


Eu acredito muito no sucesso dessa parceria entre o mundo corporativo e as OSCs e sempre acho que tem um match possível.


Não deixe de incorporar essas novas estratégias de captação de recursos para diversificar a sua sustentabilidade financeira. Os números estão aí, acredita e vai!


Vamos de mãos dadas!


Daiane Dultra

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